Fora Bolsonaro

Fortalecer as lutas pelo Fora Bolsonaro, já!

Os protestos do dia 29 de maio abriram um novo momento na luta contra o governo, principal responsável pelas milhares de mortes por COVID no país. Dia 19 de junho haverá novos protestos, que começam a ser organizados em todo o país.

Por Clodoaldo Macedo

No último sábado aconteceu o 29M, dia nacional de lutas que, entre tantas e necessárias reivindicações, teve o Fora Bolsonaro como a principal delas. O catalizador destes protestos foi o entendimento, pelos ativistas, de que, para conseguirmos vacina para todos e um auxílio emergencial suficiente para combater a fome e o desemprego, é preciso derrubar imediatamente esse governo genocida.

Os atos surpreenderam pela quantidade de pessoas, cidades e países envolvidos. Os números expressivos refletem a revolta de boa parte da população à política devastadora do Governo Bolsonaro, tanto no combate a pandemia quanto na condução da economia. Números estes que poderiam ter sido ainda maiores, não fosse pela insegurança sanitária que vivemos e pela posição de vários ativistas que consideram contraditória a participação em atos de rua em meio a pandemia.

Coluna do Coletivo Alicerce no 29M em Porto Alegre

O sucesso do 29M se deu pela ampla unidade da esquerda, mesmo que em alguns lugares tenha sido construída às pressas. Em Porto Alegre, por exemplo, as centrais sindicais aderiram ao ato só no dia 24 de maio. Para esclarecer, e dar o devido crédito a quem teve a iniciativa e possibilitou a construção dessa importante unidade, no dia 13 de maio foi formado um comando formado pela UP, PCB e movimentos populares, que adotou o nome de Povo na Rua. No mesmo dia, o mandato dos deputados federais Glauber Braga e Fernanda Melchionna do PSOL se somaram à organização do ato, sendo seguidos pelas correntes, como o MES e o Alicerce.

Ficou nítido, em todo o processo de organização do ato, que o principal entrave à adesão das centrais e dos principais partidos da esquerda, PT e PC do B, era a dificuldade de aceitar o “Fora Bolsonaro” como centro político. Claro que pesou também o desgaste eleitoral quanto a chamar o povo às ruas em plena pandemia, enquanto se adotou o “fique em casa” como bandeira de luta.

Mas isso demostra a diferença estratégica da esquerda brasileira. De um lado, as direções dos principais partidos de oposição não apostam na derrubada de Bolsonaro imediatamente, mas sim pela via eleitoral, com Lula presidente em 2022. Tanto é assim que Lula, no seu contumaz pragmatismo, em nenhum momento se manifestou sobre o 29M. De outro, a esquerda radical toma a iniciativa frente a grave crise de saúde, de fome e violência, e afirma claramente que não é possível esperar até 2022, que é preciso derrubar Bolsonaro já.

Os protestos de 29M trouxeram um novo elemento contra o governo, e agora precisamos definir como seguiremos nas lutas. E o que vai definir esta continuidade é a compreensão, cada vez maior na sociedade, que é possível e necessário derrubar Bolsonaro. A reação de Bolsonaro e seu clã, tentando menosprezar os atos de sábado, demonstram que ele ficou acuado. Portanto, seria um erro, neste momento, não apostar no crescimento das mobilizações contra o governo.

Portanto, foi muito positiva a iniciativa da plenária nacional do Povo na Rua ontem, que tirou como proposta, a ser encaminhada às centrais e demais movimentos, a realização de novo dia nacional de luta pelo Fora Bolsonaro no dia 19 de junho. Mais positivo ainda foi a incorporação deste calendário pelas Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular em reunião hoje, indicando que haverá novos atos unificados neste mês.

A derrubada de Bolsonaro é o primeiro passo para uma tarefa muito maior, que é derrota do movimento protofascista que ganhou expressão institucional com sua chegada ao governo, culminando na desgraça em que vivemos hoje. Este movimento protofascista é muito pior e perigoso do que sua expressão institucional, se expressa nas milícias, na repressão policial nas favelas, como a chacina do Jacarezinho, e aos movimentos, como em Recife no 29M. A extirpação deste câncer só poderá se dar através de mudanças radicais na sociedade, que devem começar com a deposição de Bolsonaro do poder.

O momento agora não é de retroceder. A correlação de forças só vai mudar se assumirmos a ofensiva. Resistir para avançar! Avançar para vencer! Dia 19 de junho voltaremos às ruas para exigir vacinas, empregos, auxílio digno e Fora Bolsonaro!