Por Clodoaldo Macedo
Na sessão do dia 02 de fevereiro da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, o Vereador Sandro Fantinel do Patriotas, fez uma declaração bastante polêmica que repercutiu em toda cidade, principalmente na periferia, quando, dirigindo-se aos representantes do PT, chamou, de forma agressiva, os eleitores petistas de “o povo de vocês”. Dessa forma, o vereador deixa bem claro de que está deixando de fora de seu projeto político, boa parte do povo caxiense.
Sandro Fantinel foi eleito com 1756 votos, quase todos vindos do bairro Fazenda Souza onde mora e onde presidiu a associação de moradores de 2010 a 2014. O bairro é constituído de pequenas e médias propriedades rurais e faz parte da região considerada uma das maiores produtoras de hortifrutigranjeiros do estado e do país.
Ele também foi coordenador aqui na cidade, da campanha de Bolsonaro em 2018, do qual herdou a política raza de defesa das “pessoas de bem”, “dos bons costumes” e pelo fim da “mamata” do Estado, além de querer repetir a tática de se manter na mídia com declarações polêmicas.
No final de janeiro, o vereador deu uma entrevista ao Jornal Pioneiro onde expôs seus principais projetos. Defendeu a doação de alimentos rejeitados pelos produtores rurais às população dos bairros mais pobres, além do asfaltamento das estradas do interior, mas coloca como prioridade do seu mandato a “luta” pela Reforma Administrativa, apresentando-a como principal saída para os graves problemas nacionais.
Ou seja, assim como fizeram lá atrás, quando enganaram o povo dizendo que a Reforma Trabalhista diminuiria o desemprego no país, que a Reforma da Previdência acabaria com os privilégios, agora repetem aos quatro cantos que a Reforma Administrativa vai tornar o Estado mais eficiênte e não tão caro. Na lógica do bolsonarismo, Estado eficiente é aquele que coloca muita polícia na rua pra prender e matar “vagabundo”, incluindo aí, se deixarmos, quem não concordar com eles nas ideias e nos costumes.
Mas o Estado também deve servir para formar uma poupança pública e salvar os bancos e as empresas da quebradeira nas grandes crises, como aconteceu em 2008. Nesse ponto, a direita liberal está com Bolsonaro. Isso é o Estado mínimo, onde não precisa muito imposto, pois não terá escola, sáúde e previdência públicas.
Nessa quase histerica defesa da Reforma Administrativa, o que não nos dizem é que 80% do funcionalismo público se concentra nas áreas da educação e da saúde, serviços essenciais ao povo pobre da periferia, que a muito tempo é negligenciado por todos os partidos que estiveram no poder nas últimas décadas, e que a proposta de reforma apresentada pelo governo Bolsonaro/Guedes, não mexe nos privilégios dos outros 20%, onde encontran-se os políticos, os juizes, promotores público e os militares.
Mas o que o povo trabalhador pode fazer para enfrentar essa política desastrosa da direita e do bolsonarismo? Precisamos com urgência construir uma alternativa política nossa. E isso começa no debate sobre a situação do bairro, da escola, da UBS. E pra esse debate ganhar força, precisamos formar novas lideranças, retomar nossas organizações de base, como associações de bairros, sindicatos, CPMs e os grêmios escolares. Somente assim, apostando na nossa força é que poderemos seguir na luta por uma vida digna e um futuro melhor para nós e nossos filhos.
Para além dos problemas que se materializam aqui na nossa cidade e no nosso bairro, como falta de moradia, saneamento básico, transporte público, educação e saúde, o povo trabalhador precisa dialogar sobre um projeto de poder que responda às questões nacionais, como a desindustrialização e o desemprego estrutural por exemplo, mas a partir do nosso ponto de vista. Mas defender uma saída na perspectiva dos de baixo significa romper com a ordem estabelecida e com qualquer esperança nas elites e seus representantes oportunistas e aventureiros, como o vereador Sandro Fantinel e seu Presidente. #ForaBolsonaro.