Por Renata de Paula
Quando o ano está prestes a terminar, depois de mais um ano de negligência da burguesia que coloca o lucro acima da vida, onde a pandemia vem retirando milhões de vidas no mundo, recebemos uma notícia que mostra a força do movimento de massas organizado e politico, que foi mais uma vez para rua fazer pressão para aprovação de uma pauta que tentam secundarizar que é a descriminalização do aborto.
Na madrugada da quarta-feira, 30/12/2020, na Argentina, o povo estava na rua pressionando o Senado que acabou aprovando, com 39 votos, sendo 29 contra e uma abstenção, a legalização do aborto até a décima quarta semana de gestação. Para as mulheres, essa pauta é muito cara, pois nossos corpos são objetificados de todas as maneiras e nosso útero vira sagrado para o patriarcado, desde que esses levem “seus herdeiros”, pois o que importa aqui é o direito de reprodução DELES, que escolhem se querem ser pais ou não. No Brasil, 28,9 milhões de famílias são chefiadas por apenas uma mulher, conforme os dados do IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2015.
Nem uma mulher é a favor ao aborto em si, mas sabemos que ele existe e é feito em qualquer lugar e em qualquer condição, e quando realizado por mulheres sem condições financeiras, levam a morte ou deixam sequelas físicas e emocionais irreparáveis. O que se luta é para que todas as mulheres tenham garantia de saúde, respeito a seus corpos e que toda a sociedade se responsabilize pela reprodução.
Essa vitória que se conquistou na Argentina foi consequência de uma militância que não negociou sua pauta, que, sempre que possível, se mobilizou e avançou nos seus debates a ponto de levar o atual presidente da Argentina, Alberto Fernández, quando ainda era candidato, a defender o fim da criminalização do aborto e se comprometer a apresentar esse projeto no parlamento. Esse é um exemplo a ser seguido, nossas pautas feminista, de gênero, de raça e da classe trabalhadora não podem ser negociadas.
Algo que sempre temos que ter em mente é que no sistema em que vivemos, todos os avanços que a classe trabalhadora conquista sempre estão no alvo para serem extintos, reduzidos ou modificados, de tal maneira que perdem o sentido. Temos aqui no Brasil um exemplo triste que se tentou realizar com a Portaria 2282, imposta pelo Ministério da Saúde em 27 de agosto de 2020(revogada), que criava várias exigências para dificultar às mulheres o acesso ao aborto legal em caso de estupro, direito previsto em lei desde 1940.
Nós, mulheres, não ficamos e não ficaremos paradas diante da opressão, sempre estamos em luta e resistindo quando ficamos vivas. A vitória de nossas hermanas é a vitória de todas!