Opinião

Recuperados da COVID-19. Será?

Nossas vidas importam! Não devemos ter que escolher morrer de fome ou morrer de COVID-19.

Por Renata de Paula

Enquanto o governo federal está preocupado em dizer que existem muitos recuperados da COVID -19, ao mesmo tempo em que ignora o problema do aumento da cesta básica, a única medida tomada, e ainda a meia boca, foi o distanciamento social. A principal barreira para um combate sério à pandemia é a ganância dos produtores, que querem ganhar mais dinheiro nas exportações, aproveitando o preço do dólar, que a muito tempo está acima dos cinco reais, e o aumento do consumo de alimentos em todo o mundo em virtude dapandemia. Neste turbilhão, temos que entender o que está acontecendo com esses recuperados da COVID-19.

Com seu discurso, Bolsonaro quer convençer aos trabalhadoress e à sociedade que, dos mais de 4 milhões de infectados (até o momento, pois esses números aumentam todo dia), mais de 3 milhões estão recuperados e que é normal as mais de 130 mil mortes pela COVID-19. E, nesse jogo de normalizar tudo para justificar a falta de politicas públicas serias, não estão divulgando as sequelas decorrentes da COVID-19.

As coisas não são assim como Bolsonaro quer nos fazer crer. A OPAS, Organização Pan Americana de Saúde, no dia 15/09/20 divulgou em seu site (https://www.paho.org/pt/covid19) diversas sequelas que atingem pessoas infectadas pela COVID-19, como a fibrose pulmonar, o declínio cognitivo de longo prazo, a deficiências de memória e atenção, velocidade de processamento e funcionamento, acompanhada de perda neuronal difusa, dentre outras.

Frente a isso, é revoltante ver como os governos, em todas as estâncias (federal, estadual e municipal) não priorizam a verba para saúde, deixando praticamente desassitidos os milhões de recuperados da COVID-19 que ainda necessitam de cuidados, ou o descaso com a pesquisa em saúde no país, atividade necessária para sabermos mais sobre as sequelas deixadas em consequência do vírus, e outras patologias.

É ainda mais revoltante saber que, em meio desse eminente colapso na saúde, com os números de contágios ainda subindo, com a falta de infra estrutura nos hospitais, falta de EPIs, de profissionais, de equipamentos, de medicamentos e de vacina, a nova politica adotada pelo governo estadual de Eduardo Leite e de quase todos os governos municipais, como Cassina aqui em Caxias do Sul, foi a reabertura das escolas da educação infantil a partir do dia 08/09/2020, e posteriormente o restante das instituições educacionais.

A única saída para essa situação é a população se organizar e exigir dos governos que recuem dessa última medida. É inconcebível o retorno das aulas presenciais enquanto durar este estado de calamidade em saúde, ao mesmo tempo, revindicar medidas para que as famílias tenham condições de cuidar dos seus filhos durante a pandemia, e investimenos sérios em saúde, pesquisa e condições de trabalho para que os profissionais da linha de frente possam trabalhar de forma segura.

Nossas vidas importam! Não devemos ter que escolher morrer de fome ou morrer de COVID-19.